domingo, 22 de julho de 2012

Voltei...

Fez silencio em mim ... por uns dias como quem precisa ouvir os gritos de dentro e conseguir disseminar o eco daquilo que sinto. Li-dar : ler e dar voz aos sentimentos deitados , dar voz as sensações quer perturbam e que dão cor ao corpo, ao todo.
Dar voz ao sussuro dos desejos escondidos, das vontades suprimidas pelos dias. Foi silencio para existir. Foi silencio para gestar as idéias que tanto borbulham. Foi Piruetar. Como quem precisa se deixar desempoeirar para  o novo vir...se ouvir por uns dias... Foi bom, mas agora...voltei ... e é tão bom sentir o cheiro de mim de novo !  

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Processos...

São tantas tentativas em busca da perfeição, que fugir do erro torna-se tão essencial que o próprio fazer. Toda energia que despendemos visando a perfeição, gera falta na atitude. Concordo que não devemos errar para aprender … mas sim aprender a partir do erro. Ainda que isso gere angústia e medo faz parte do processo de construção das nossas ações e relações. Tanto que procurar não errar pode ser um esforço em vão já que o cálculo de risco nos torna ansiosos, com medo constante e até sussurante nas nossas afirmações. Somos e por sermos o que acreditamos ser não podemos perder o tempo, o ritmo e, portanto, a ação ! Tenho sonhado com um mundo menos perfeito, mas constituido por corajosas criaturas que mesmo diante do erro constroem criativamente novas soluções para aquilo que todos acreditavam estar perdido ! Hoje alguém bem pequeno me disse assim : segura na minha mão … vê ela ainda vai crescer … rs … ou seja, calma o processo é esse … e, portanto aprender a viver….também é processo !
Fazer pipa com o João e conseguir que ela voe…faz parte desse processo !!!

um universo...

Hoje juntei à minha bolsa um Cd antigo do Fabio Junior, precisei ficar ouvindo a idéia de que dentro dessa cabeça tem um universo, para refletir sobre respeito. Não o respeito utópico de que não ultrapasso seus muros por educação, mas do respeito partilhado que leva em consideração: sentimentos, convicções, conceitos e carater. Talvez tenha chegado a conclusão de que falta de respeito é algo que não apenas me incomoda, mas me desafia … nas minhas crenças de que os seres humanos podem e devem lidar com suas diversidades e adversidades sem se violentar. Ainda bem que todo dia tem uma noite no meio… para recomeçar !!!! Encontrei uma idéia da Marcia Tiburi para eu entender que não sou de Marte !

Respeito é o sentimento que inclui o outro – o não eu – na própria perspectiva. Quem sente respeito, pensa antes de falar e de fazer.
Marcia Tiburi, no Twitter

Ai aiai freios de dentro !

Hoje estudando achei esse texto e encontrei uma resposta simples que tanto procurava: a reação que por vezes parece fria é na verdade auto defesa, denota o contrário e nos faz perceber o quanto queríamos gritar, quando apenas monossilabamos.
Depois de um tempo a sensação retoma o caminho (ou não). Acredito ser interessante observar que pessoas sensíveis não causam estranhamento, não exclamam no exagero…simplesmente sentem silenciosamente…
"Não saiu um palavrão de sua boca. Meu amigo não falou nada. Não se debruçou na toalha, não palitou as veias, não esbofeteou seus olhos com guardanapos.
Justamente porque estava sensível demais.
Excesso de sensibilidade nos leva à insensibilidade. O extremo é negação.
A despedida era muito recente para gritar e sacudir os braços em oração muçulmana. Ainda não respirou lonjuras, não experimentou a quebra de ritmo, não descontou um par de talheres na hora de pôr a mesa. Não existia um dia de travesseiro e de cama vazia. Não engasgou no ato falho, não emudeceu no constrangimento das gavetas, mantinha a espera de um pedido de desculpa.
Desespero em demasia é tranquilidade. Não processamos, não digerimos, estamos conectados em pensamento com as últimas palavras, revisando os diálogos com a esperança de intervir na ilha de edição ou de retomar as filmagens."

Fabricio Carpinejar

Lembrei de VOCÊ !!!

É um tal milagre encontrar, nesse infinito labirinto de desenganos amorosos, o ser verdadeiramente amado. Perco-me por um momento na observação triste, mas fria, desse estranho baile de desencontros, em que frequentemente aquela que deveria ser daquele acaba por bailar com outro porque o esperado nunca chega; e este, no entanto, passou por ela sem que ela o soubesse, suas mãos sem querer se tocaram, eles olharam-se nos olhos por um instante mas não se reconheceram."


Não vale a pena sabotar o próprio desejo, nem diante dos desencontros propostos pela vida. Vale ter força e coragem para enfrentar todas as dificuldades e aceitar-se… Fica a dica !!!!!

Meu...

Nem sempre consigo compreender com facilidade algumas situações, isso não gera angustia, mas uma batalha interna para superar o dissabor de contestar, de repreender o contexto e procurar impedir que em diferentes circunstancias se mate desejos.
Questões…muitas questões que partem de raizes… profundas como as da Vitória Régia que engana os desavisados, que acreditam que ela bóia solta nas águas. Suas raizes profundas e grossas as mantem presas ao lodo e apesar de torná-las fortes e resistentes as mantem sempre no mesmo lugar.

Cora Coralina

Desistir?
Já pensei nisso, mas nunca me levei a sério. É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço em minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estradas no meu coração do que medo na minha cabeça."

(Autor desconhecido. Epígrafe do trabalho: "Cora Coralina, raízes de Aninha", de Clóvis Carvalho e Rita Elisa Seda).

Do mundo de dentro ...

 Eu calculadamente revi os passos, dimensionei as ações e não encontrei meios de calar esse grito.  Por vezes essa idéia de ser amigo perturba o caos em que vivo. Caos da minha pura falta de rotina, caos da minha pura rotina rígida. Dos horários que não permito atrasar, dos meus tempos de pensar que não permito fugir. Caos da minha entrega intensa a maternagem das minhas crias.
Meu tempo de penso é tão frequente que me jogo nos minutos saboreando as idéias e reconstruindo as histórias para borbulhar questões e ao promover tormentas descobrir saidas.
Mas essa idéia de ser amigo me aflige quando eu nem sempre consigo responder as mensagens, quando nem sempre eu devolvo as ligações e me prometo um momento de papo pro ar a semanas sem que eu mesma possa cumprir.
Por vezes peço paciencia a mim mesma não pela solidão que semeio, mas por em vários momentos escolher apenas assistir ! 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Somos o que pensamos...

Nós somos o que pensamos. Construimos redes de pensamentos que nutrem nossas atitudes, mesmo que contraponham nossos desejos.
Estranho pensar dessa forma, mas movidos pelo medo, deixamos que ele nos domine e passamos necessariamente a ser aquilo que mais tememos. De tanto nos apontar cansados, lamuriosos e estressados perdemos a cor e o colorido do mundo, nos entregamos a crença e quase que profeticamente não vemos mais a doçura de um dia que amanhece lentamente em nossas janelas.
De tanto nos apontar sozinhos, consumidos pela solidão nos entregamos ao vazio, sem perceber que nossa companhia pode nos fazer descobrir o que há de melhor naquilo que somos.
Entregues ao medo nos impedimos de sonhar e nos tornamos intensos adivinhadores do que não vai dar certo.   Como se pudéssemos prever o futuro e dimensionar detalhes do sentimento do outro, nos impedimos de descobrir o outro em seus códigos, peculiaridades, diferenças, simplesmente, prevemos. Como adivinhadores dessa vida não mais nos entregamos e na egide do controle somos apenas personagem daquilo que vivemos.
Na medida em que autorizamos viver um segundo de cada vez sem que para isso tenhamos que lançar mão das racionais estatísticas que compõe nossa vida, nos permitimos descobrir   a essencia de nossas atitudes , o escondido de nós mesmos e a sutileza dos nossos pensamentos.

domingo, 27 de maio de 2012

Des(a)tinos

Menina alada, sai da minha janela. Descobre o mundo e entrega sua casca na saída. Deixa a carne inteira, intensa, entregue. Te faz única enquanto aquela que escolhe, deseja. Põe o manto que te cobre de lado e permita-se. Permita-se ser aquela que viaja no tempo, aquela que percorre o vento, que de forma singular apenas é !
Sai menina alada da minha janela. Voa longe da imagem que te escora. Brinca com aquilo que des-cobre. Da doçura ao veneno; da sabedoria a loucura; da lascivia a secura, do medo, do gozo, do gosto, do cheiro.    Apenas voa !

sábado, 12 de maio de 2012

Nossa estréia no semáforo !

João já usa o banco da frente e como um absoluto navegador, me dá as coordenadas das ruas , dos buracos, das bicicletas e motos que insistem em trafegar desorientadas. Transito é algo que configura a identidade do coletivo. Viabiliza regras e nos permite dividir com o outro um espaço comum. Tão interressante analisar o quanto uma mudança de placa altera o passeio, modifica o trajeto e cria outras possibilidades de paisagem.
Quando cheguei a Cacoal há alguns anos atrás sofri para compreender as mãos das ruas, haviam poucas placas de sinalização. Cheguei a me questionar quando percebia que as pessoas faziam uso do espaço público com uma autonomia que gerava o autogoverno (rs...). Muitas vezes me deparava com as pessoas -carro que transitam pela via sem sinalização, ou melhor, sem que se possa desviar delas a tempo de não pensar no objetivo de andarem pelo meio da rua. Cacoal, sempre teve um movimento de baixa velocidade o que permitia que as pessoas conduzissem o transito a seu bel prazer. Aos poucos o impacto das faixas de pedestre foram dando lugar a uma série de mudanças de comportamento, do bom ao ruim: vi gente brigando para atravessar a rua com motoqueiros velozes fingindo não perceber a indicação; vi crianças desistindo de atravessar na faixa, pois os pais os esperam distantes delas; vi gente sendo atropelada em vias onde um único carro parou na faixa.
Com o passar dos dias foram sendo erguidos como monumentos ao progresso os semáforos...enormes, altivos, cheios de pompa e informações.
Desligados, calados, foram dando ar de dúvida a quem insistia em parar entre dois cruzamentos devido as novas faixas de pedestre.
Desligados, calados foram motivo de perturbação quando motoristas reduziam a velocidade e geravam instabilidade no fluxo, tudo isso , para decifrar todas as informações que o compõe. 
Desligados, calados com a retirada das faixas de pedestres em frente a escola e na ausencia da placa de PARE, foram motivo de aumento da velocidade, o que provocou ansiedade nas crianças que já haviam se habituado a atravessar na faixa. Detalhe: vários condutores de veiculos paravam diante da escola mesmo na ausencia da faixa. Vários, mas não todos oq ue gerava ainda mais ansiedade. Enfim... Hoje eles foram ligados. São lindos. Meu marido diria que tenho essa mania feminina de ver beleza nas coisas ... rs.  Eu e João ansiosos por ver as luzes que compõe esse novo cenário - indicativo de progresso - fomos ao centro da cidade. 
Experimentamos todos. Parecem infinitos esses três meninos. Ancoras de uma cidade em crescimento. Mas restam apontamentos de quem prevê a incerteza. O exercício do semáforo vai além de pé na embreagem, envolve o compromisso com o outro. Torna viva a idéia de respeito ao coletivo e nos faz experenciar intensamente a relação de grupo. Será que estamos preparados para tanto ?
Na dúvida tenho pensado em soluções práticas de como buscar o João na escola já que as pessoas tem aumentado a velocidade na rua da escola logo após o semáforo e, ainda frente a sinalização indicada não há como estacionar veiculos. 
João pensando me sugeriu : De duas uma mãe ou você me iça direto da sala de aula ou minha escola logo, logo, vai ter heliporto (?). João é realmente dado ao progresso e na altura dos nove anos tem soluções rápidas...rs...         


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Gente igual, mas diferente...

Fui dessas meninas que entregue as prórpias vontades descobria as respostas dos desafios, acreditava que brincar ia além daquilo que estava escrito na caixa dos jogos. Fui dessas meninas que olhava os adultos de perto para poder enxergar aquilo que estava escrito em seus olhos.
Ler o mundo colorido nunca foi difícil, mesmo quando decifrar sentimentos novos gerava medo e incerteza. Fui dessas meninas que nas histórias com final feliz procurava questionar. Acredito que me ensinaram os pontos de interrogação antes de me mostrar os pontos finais.
Hoje, quando o João dramaticamente disse dentro do carro: Você tem que me ajudar a entender por que quando me falam que todo mundo é igual me vem uma dúvida tão grande...Eu, na tentativa de compreender o que ele queria dizer... pedi que me falasse mais do que estava sentindo.
Na altura dos seus nove anos foi me explicar que podemos ser iguais, mas ninguém sente igual ao outro as coisas que acontecem. Sentir é sentir... todo mundo tem olho, boca, descobre o mundo, mãe, mas sentir é sentir- quase gritando !  
Eu disse que somos iguais, mas diferentes. Iguais naquilo que nos constitue, mas diferentes naquilo que podemos escolher enquanto sujeitos das nossas ações. Sentir é mesmo muito intenso,único, especial e não dá para sentir igual a ninguém. Não devemos nos acreditar superiores a ponto de julgar a dor, nem a intensidade dela, a raiva ou o medo de alguém como detentores de um limiar único.
Ter sido essa menina me permite autorizar o João a acreditar que cada um é um e que podemos sentir do nosso jeito cada coisa do mundo. Escolher o que vamos ser e como vamos agir é a tonica para nossa inserção no mundo.
Fico preocupada com essa nossa tendencia de acreditar que ao dizer que somos todos iguais estamos facilitando a compreensão em relação ao outro. Diferenciar não significar distanciar ou discriminar, mas apontar que nas diferenças nos formamos e individualizamos. Pode ser angustiante para a criança ficar procurando no outro características e habilidades que não fazem eco em sua identidade. Estar atento a isso permite que possamos ter clareza do desenho que nos compõe e não simplesmente o modelo que nos norteou.

domingo, 29 de abril de 2012

Na pessoa do Pessoa...

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...

E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão

(Fernando Pessoa)

Aprender é necessário...

Saborear a vida no exercício do coletivo é uma experiencia intensa de aprendizagem.
Necessariamente lidamos com nossas expectativas que nada mais são do que o espelho daquilo que desejamos. Espelho que modula aquilo que acreditamos do outro, como um espectro que criamos. Lógico, que construimos a identidade de acordo com aquilo que podemos enxergar. Nem sempre vemos o outro para além desse espelho, o que na maioria das vezes nos distancia do real.
Expectativa que denuncia nossas carencias e necessidades singulares, que denotam aquilo que guardamos secretamente. Muitos medos e fragilidades circundam esse olhar e  promovem gradualmente a formação de um outro ser que não é, nem foi a sombra daquele concreto e real que nos acompanha. Muitas vezes massacramos o sujeito, lançamos questionamentos, dirigimos ira por depositar no outro expectativas. Vale sinalizar que elas são de nossa exclusiva responsabilidade e não do outro ! Dói mas é necessário aprender !  

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Rapidinhas...intensas !

1. Se é para amar que seja inteiro, sem a capa protetora dos mecanismos que nos escondem de entender o desejo, de ouvir a intuição, de ser o próprio sujeito encarnado em si.

2. Saudade é saudável o que é patológico é permitir que a melancolia da saudade nos mantenha atados no antes, sem conexão com o hoje, destituidos, então, de repertório para a construção do agora.

3. Somos tão únicos, alados quando simplesmente respeitamos quem realmente somos...

sexta-feira, 23 de março de 2012

Crescer não dói, nem tem que doer...

 
Sempre segurei meus bebês no colo. Durante o dia, a noite, nas madrugadas. No colo. Coisa de afeto, emboladinho, grudado no corpo. Ouvi muitas vezes críticas ! Ouvi tantas vezes críticas ! Coisas como: seu bebê vai ficar mal acostumado, ihhh ! essa criança já está cheia de manha. Deixa chorar um pouco, senão fica sem vergonha ! Sempre repeti que mimo é excesso, colo é carinho -  Insisti no colo ...
As crianças não tem a malícia do mal costume, tão pouco criam manha se estiverem tranquilas e seguras.
Acredito que a segurança se faz no afeto, na proximidade. É necessário estar perto, firme , antes de ter repertório para ir sozinho. Notadamente, o apego promove a consciencia de si e do mundo. É a partir da experiencia com o adulto que a criança desenvolve as habilidades para experimentar sozinha. Habilidades não apenas sensoriais, mas também emocionais e sociais.
Vejo que passo a passo a criança acha-se...encontra-se e se percebe no controle de si.
Tal processo é único e por ser singular depende do ritmo de cada criança. Requer dos adultos presença, toque, paciencia e especialmente observação. Gradativamente a criança se apropria do contexto. Devemos estar atentos ao momento de estar perto e em que situações promover o desapego. De mansinho, de fininho, esperar que a criança olhe para trás e nos procure como quem diz : estou crescendo ! 
Dia desses o João me perguntou se já não estava na hora dele atravessar a rua sozinho. Fiquei apreensiva porque aqui em Cacoal atravessar algumas ruas requer perícia. Resolvi querer entender o significado disso para ele. O que ficou claro é que sentir-se responsável por si mesmo é um exercício que já o atrai. Fizemos alguns combinados e ele tem tido a chance de passar por essa experiencia. Devagar, de mansinho !
E, isso começou naquele colo...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Tchau Adriano !!!

Resolvi escrever por que minha porção masculina ama futebol e a feminina teima em torcer pelo Corinthians.
Corinthians do povo, dos maloqueiros que meu avô insistia em dizer, das minorias. Algumas pessoas dizem que Corinthiano gosta de sofrer, pelo esforço que se propõe, pelas finais de jogos, lamuriosas, pelos gols perdidos e pela fome de coletivo de sua torcida. Única.
Notadamente, quando Adriano chegou - Imperador, fiquei pensando na idéia de superação proposta pelo time. Teve crédito, teve chance, teve mimos e colo. Como quando a gente sente que tudo está perdido e encontra-se infinitamente só e um colo faz toda a diferença.
O colo dele veio travestido de milhares de torcedores , uma parafernália médica, enfim...foi um colão. Interessante observar que as vezes ter oportunidade não basta, é necessário estar pronto para ela. Nesse sentido, falo de tantas vezes que estendi a mão ou a recebi e vi se esvair a atitude pela falta de estabilidade emocional ou preparo. Costumo entender que subir a escada pulando de dois em dois degraus requer perícia, esforço físico, planejamento e essencialmente o desejo. Pulsão de vida é tudo !
O Imperador oscilava entre subir a escada, degrau a degrau e descer aquilo que ele já havia conquistado. Penso que todo apelido faz juz ao homem, a partir do contexto que vivencia. Imperador, imperativo, que manda nas próprias pulsões. Movido por aquilo que já tinha referencia não viu o colo, não cedeu a oportunidade e aos trinta anos voltou todos os degraus.
Estudando a Laura Gutman que considera que se o bebê ao padecer da falta de algo, crescerá reinvindicando eternamente aquilo que não obteve. Mesmo diante da situação real modificada, continua-se experenciando a sensação primária. Portanto, uma criança não amada pedirá amor em todos os lugares e se sentirá insatisfeita mesmo frente a  fortes manifestações de afeto.  
Hoje pela manhã num dos jornais da web estampa a chamada Adriano participa de noitada junto com Ronaldinho. Lembrando que ninguém pede o que não precisa, o que será que o Imperador está pedindo agora ?
Vejo, então, que as vezes nos sentimos frustrados ao estender uma mão ou ao ajudar alguém. Devemos estar atentos que a ação só terá consequencias interessantes, se o outro de fato abraçar a mão e a transformar em oportunidade. Nesse sentido, não temos como garantir o que o outro transforma.  Por isso, tchau Adriano !

segunda-feira, 12 de março de 2012

NOSSA, NOSSA, QUE DIFICIL...

Eu e o João fomos ao supermercado. Hoje irmos ao supermercado é um evento. Carregamos, bolsa, Maria, a sacola para os produtos que vamos trazer, a chave do carro e nós mesmos. Então, é um evento !
Quando terminamos de fazer a compra, João prontamente foi ao caixa especial. Aquele da plaquinha : mulheres e crianças primeiro ! Infelizmente a fila era tão grande quanto as outras e ignorando a placa haviam ali toda sorte de pessoas independente da condição. Não havia ninguém com um bebê. Não havia nenhum idoso...enfim, era salve-se quem puder, literalmente !
Ele caminhou aos caixas seguintes (e eu na minha lerdeza, o segui) ao encontrar um caixa mais vazio guardou lugar para nós. Uma senhora pediu licença a ele. Ele deu ! Ela entrou na sua frente com dois carrinhos...rs... ele surpreso, apenas conseguiu me pedir -Ligeiro mãe ! Trás as nossas compras...Ninguém viu apenas nós dois.  O que quero dizer é que a senhora passou na frente dele, desprezou a idéia de que ele guardava um lugar para a mãe e ignorou o fato de que apesar de criança ele é capaz de discernir entre o certo e o errado.
Quando me aproximei com a Maria e o carrinho ela já havia iniciado o trânsito de suas compras para o balcão. João me olhou triste com um jeito que só ele sabe fazer diante dos impasses e me disse com a altura de sua idade: Sabe mãe por que o mundo não muda ? Por que as pessoas apesar de saberem o que é certo continuam furando filas...
Confesso que por muitas vezes fico decepcionada com as pessoas. Falamos tanto em educar nossos filhos para a construção de um mundo melhor, mas temos nos ocupado em educar nossos filhos para que se defendam do mundo atual.
Nós dois não conseguimos entender qual a vantagem que ela teve em furar a fila, adiantou-se 10 minutos ? Ganhar 10 minutos fez a diferença na vida dela ou na de alguém ?? Mas construiu em nós um vácuo entre aquilo que acreditamos ser o certo e o que vivenciamos com frequencia no dia a dia. meu discurso não é derreista, mas ilustra que por vezes temo não conseguir nadar contra a maré. O meu alento foi perceber que João inconformado contou a todos os amigos que pôde a mesma história, descreveu milhares de vezes a sua atitude  e a da senhora e me fez ver que ele acredita no que é certo . Confesso isso me encheu de esperança para continuar dizendo que devemos ter respeito ao coletivo e que no exercício da vivencia em grupo um olhar, um gesto, uma mudança de atitude pode fazer toda diferença.

     

Costurando... o exercício do feminino...

Nem sempre ouvir o feminino vem distante da composição da dor, dos mecanismos de defesa, da idéia de incompletude. Onde foi que disseram à mulher que ser feminina poderia corroer seus sonhos , ideais ou subestimar sua inteligencia ? Ser feminina não agride sua autonomia. Ser mulher não interfere nas vicissitudes de ser aceita ou respeitada socialmente.
Tenho visto que ao destituir o feminino, a mulher não cabe no corpo, abre espaço para a dor, para o distaciamento da sua forma. Ao negar a essencia, o que é do feminino se suprime, se encolhe, adoece. Abre espaço para o não ser e a crise de identidade travestida de depressão passa a ser a tonica para a própria vida.
A dor da anestesia e da anulação se traduzem no corpo. Mulheres cada vez mais tem entregue o próprio corpo à armadura consumindo seu desejo, disfarçando sua essencia, destituindo o sutil, o doce, as sensações e sentimentos, o único, a intuição... sem se ouvir, passam a não ter eco diante de si mesmas. A imagem no espelho é distante da imagem real.As fronteiras para isso vem disfarçadas de que ao longo da vida sempre se teve outros objetivos, ou então, de que não havia tempo para ser mulher.
Entender que ser mulher não está na submissão é essencial para desbastar a armadura. Escolher, desejar, sem precisar lançar mão do exercício de controle dá condições para que o sujeito psiquico se aceite, se acolha.
Onde foi que disseram que era uma coisa ou outra ?

   

domingo, 11 de março de 2012

Rapidinhas... entre um mamá e outro...O filho da psicóloga !

João mais uma vez me surpreendeu... entrou no carro e disse com ares de gente grande: Meu amigo tem um problema grave mãe ! Ele tem dor de barriga todo dia depois do recreio, na mesma hora todo dia. Pensei que a barriga dele era quase um relógio. Eu vi que no recreio ele fica bem sozinho e ai a barriga dói mesmo. E, cheguei a conclusão que a barriga dele dói de saudade da escola antiga. Pena que a mãe dele vem buscar e , assim a barriga dele vai continuar doendo. Disse isso sem fazer vírgula nem respirar !!! Vi que o filho da psicóloga contaminado pelo olhar de dentro incomodou-se com a dor do outro e com o não fazer dos outros em relação a essa dor. Enfim... nada pude fazer a não ser deixar claro que a dor do outro é do outro e que talvez a única coisa que possamos fazer é segurar na mão dele até a dor passar.
Hoje, domingo, ele veio me dizer que vai segurar na mão do amigo...perguntei qual seria a estratégia dele...rs...
Vai sentar do lado dele na hora do intervalo e quem sabe conversar...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mais uma do João...

João chegou da escola, como sempre : falando, falando, falando... no meio da falação me veio com mais essa -

- Mãe que tipo de menina você acha que vai se interessar por mim ?
                                                                    
                                                                      cri cri cri (silencio de mãe processando a informação...)

- Tipo nenhuma ! Olha seu tamanho menino...rs... !!!
Rimos juntos, mas, de repente olhei para ele e vi:


- Ele cresceu !!!!!

Vacinas, nossas perebas de sentimentos e coisices de mãe...

Ontem foi dia de vacina da Maria. Fomos para fila e diga-se de passagem era enorme, gentes pequenas no colo, caminhavam coladas as mães...essas com medo do que estava por vir. Gentes pequenas com mamadeiras, chupetas, algumas com peitos na boca. Gentes pequenas iam passar o dia ardendo. Aprendendo o que é dor, sem que ainda tenham o significante disso! Estranho viver, sem ainda nomear ! Deve mesmo ser dolorido. Eu e Maria ficamos uma no colo da outra, já que eu também estava com medo, de ter que oferecer para ela bichões que nós duas nem conhecemos. Nossa vez chegou. A sala de vacina é gelada (!?) não há muito onde sentar ou se acomodar. Passados os costumes de tudobem-tudobem seguidos as seringas. Enfim feito o furo, se processa a dor ! Gente pequena com o corpo a espera de algo do qual terá que se defender. Estranha a idéia de que sabemos que a vacina é o próprio bichão amansado e que o corpo se encarrega de reagir. Defender-se !. Tudo que esperamos hoje é que nossos filhos saibam se defender. Eu olhava a Maria e ficava pensando quais eram os bichões que eu gostaria que ela tivesse imunidade. Só consegui pensar em sentimentos. Já que acredito que as doenças do corpo são movidas a ausencia ou a potencialização de alguns desses. Pensei que se soubessemos melhor lidar com a raiva, talvez o corpo fosse imune a tantas dores. Imaginei se houvesse o anticorpo da hipocrisia talvez tornassemos mais tolerantes , menos ansiosos e nosso coração não ardesse tanto ! Enfim, eu queria vacina para tantas coisas, de forma que a Maria pudesse estar mais preparada para lidar com os bichões da mentira social e do perfeccionismo.       

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Receitinha fácil !!! Aprovada !!!

Brownie Fácil e Delicioso

Aprenda uma maneira fácil de fazer esta receita típica americana

10 porções
selo de participação
  • 3 xícaras de açúcar
  • 2 xícaras de farinha de trigo (sem fermento)
  • 1 e 1/2 xícara de achocolatado em pó
  • 4 ovos inteiros
  • 200g de manteiga derretida (um tablete)
  • nozes ou amendoas picadas a gosto

modo de preparo

Preparo desse brownie super fácil:

1º Misture em uma tigela o açúcar, a farinha e o achocolatado.
2º Depois acrescente os ovos e a manteiga derretida. Misture tudo. Não precisa bater no liquidificador, basta misturar com uma colher, até a mistura ficar homogênea.
3º Despeje o conteúdo em uma forma untada com manteiga e farinha.
4º Leve ao forno pré-aquecido por aproximadamente 20 ou 30 minutos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Nós assistimos Top Gun !!!

Ter história para contar faz toda diferença quando acreditamos que a vida é um processo de descoberta e desenvolvimento. Das nossas mudanças, o que ficou, são as impressões de que foi ontem !
Nós assistimos Top Gun e acreditávamos que o bem era claramente bem, sem nuances ou contradições de mal, enquanto que o mal era apenas uma escorregada do bem, com chances claras de mudança. Eram crenças que moviam nossas descobertas do mundo. A rua, os amigos, a escola e a idéia de futuro. Rompemos com a geração de nossos pais onde se visualizava apenas a rebeldia e crescemos com os avanços tecnológicos e afetivos. Avanços afetivos que transmutavam a idéia de ficar, mas ainda havia o sonho do namoro, do encantamento, senão Dirty Dancing não teria feito tanto sucesso. Nosso cigarro era Goudan, muito mais para quem estava a nosso redor, do que para nossas mãos e bocas. A intensidade das descobertas nos fizeram ver aquilo que pontuava Renato Russo e incendiavamos o corpo diante de Indios. Não havia sábado a noite sem Faroeste Caboclo. Não havia matinê de domingo no Municipal sem California Dreams. Não havia festa sem música e assistimos de perto a visão critica proposta por Cazuza ainda no Barão Vermelho. Sonhávamos com os olhos do Paulo Ricardo, ainda no RPM. Não havia namoro sem cartinha com a música Você do Paralamas do Sucesso. 
Sem dúvida, desfilávamos no Sete de Setembro, como quem veste a farda, na fanfarra ou no pelotão cumpriamos o protocolo e nos víamos parte de um processo de transformação do país ao redor do jardim da cidade. Tínhamos uma pressa de viver e descobrir que quase sem tempo respondíamos as infinitas vezes que éramos questionados sobre a potencia dos números. Quem não lembra das sabatinas do Prof Darcy sobre raciocínio mental ??? Dos exercícios intermináveis de matemática do prof. Mizuhira ?
Descobrimos o valor das amizades, jogávamos bola queimada e nos entregávamos a vida com a intensidade necessária para não temer. Sem medo, vivenciamos o encanto das coisas nos fizemos gente e criamos valores e uma ética interessante. Nos tornamos gente boa,  como diz minha mãe, temos história !
Nossos filmes eram rebobinados nas cenas preferidas com a possibilidade de resgatar o tempo certo, o ritmo, o momento especial. A idéia de rebobinar momentos da vida nos dá a chance de reviver, retomar e com isso, poder trazer para o hoje o sabor vivido !
De fato temos história !     

Esse texto foi costurado a partir da idéia da Maria Stella Figueiredo que lançou o termo Rebobina !
Vamos rebobinar e trazer a tona as lembranças que compõem quem somos !  

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Coisices de mãe II

Engraçado como a maternidade nos traz para o redor do fogo. Envoltas na fogueira nos colocamos a falar e ouvir. Nenhuma das mulheres que esteve aqui para nos ver deixou de contar uma história, fosse sua ou de sua mãe, ou avó sobre seja lá qual for o assunto ao redor de gestar, parir , nutrir e amar. Foram tantos medos colocados no ar, tantas circusntancias jogadas ao fogo, tanto sentimento posto para dividir. Fiquei encantada com a magia que o leite da nutriz promove, solta a trava de quem muitas vezes mata o desejo ou se consome diante da vida ou se impede de viver intensamente essa relação.
Vi com os meus olhos de dentro a proeza que é se estabelecer mãe, no sentido pleno do termo, entregar-se a esse momento e deixar que o corpo -emoção faça seu juizo. Nesse sentido, amamentar torna-se um ponto interessante.
Minha história com o João foi como daquelas da propaganda, assim que ele nasceu, como se já tivesse feito isso por dias a fio, entregou-se ao meu peito. Fez dele sua conexão com a vida e aquilo que era apenas afeto (por que o leite de todo mundo desce lento, devagar...mas desce), tornou-se em horas sua fonte de alimentação. Sabia sem romancear que aquela dor seria aos poucos substituida pelos gracejos dele e por essa intimidade fantastica que se constroi a cada mamada. Assim que ele nasceu recebemos a visita da psicologa do banco de Leite (!) que nos explicou muitas coisas, deu dicas e colocou João para sorver do colostro sem demora, sem medo, sem receio ! E, ele mamou por dois anos e três meses. Quando viemos para Rondonia, confesso que ele mamou os três dias de viagem, como que sem entender , aquela distancia...
Com a Maria, a fórmula estava estabelecida e repetir é sempre uma tendencia maior do que se diferenciar...rs... Quando a Maria nasceu ficamos sem o elo no primeiro momento. Assim que eu pude estar com ela e ela comigo, estabelecemos o nosso momento... aos poucos ela descobriu o peito. Bem diferente da propaganda, cheia de dedos, com uma certa marra. Lentamente ela se achegou ao que era dela, mas que não havia percebido, nem sentido. Nesse aos poucos, o medo me consumiu ! O leite assustado com alguém que sempre é tão forte se demorou. Ficamos nós duas tomadas pela angustia e pela incerteza. Ouvi de tudo: que menina é mais lenta (!); que cesarea é para leite de lata (!); que meu susto no nascimento impediu meu leite de descer e eu devia desistir  (!).
Enfim, iniciei o processo que chamo de profecia autorealizadora, me coloquei certeira de que todo mundo tem leite e que meu peito seria fonte de alimentação da Maria. Liguei para amigas pedi dicas sobre a conservação do leite, fiz ordenha, estimulei. Procurei um banco de leite (o mais próximo, fica a quase 500 Kilometros), psicóloga do banco de leite (cade vc ???) também não encontrei, mas mesmo assim, nós duas tinhamos a certeza de que esse caminho dependia da nossa escolha e que teríamos que no mínimo tentar. Assim fizemos e nessa entrega percebi na pele: que o estímulo depende do estado emocional, que a ansiedade da mãe precisa ser trabalhada para que o processo ocorra,   que as pessoas raramente estimulam a amamentação sem citar exemplos negativos e, especialmente, que pessoas afetivas e que creem nesse processo são essenciais para que tudo caminhe bem !
Maria perseverou, entregou-se ao peito e hoje o que era apenas de afeto tornou-se sua única fonte de alimentação. O que me motivou a escrever sobre esse processo tão único e ao mesmo tempo diverso, afinal, sou a mesma,  é que muitas vezes as pessoas não creem no aspecto emocional como determinante para o desenvolvimento do controle em relação a nosso próprio corpo. O exercício que Maria me permitiu, me fez mais uma vez constatar isso ! Nossas emoções são os disparadores, o gatilho para a vivencia de nossos desejos.            

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mais umas do João ... daquelas...

1. Ser bebê não é nada bom: me levam, me pegam, me tomam e eu só posso chorar.

2. Dizem que entendem o que a criança diz no choro, mas se eu fosse o tradutor, diria para minha mãe...não quero tomar banho, nem lavar a cabeça, não quero desligar a TV muito menos sair do seu colo ! (bem pré-adolescente esse bebê rsrs !!!)

3. A probabilidade da bolacha cair com a manteiga para baixo é igual a da Maria chorar de cocô na hora do almoço !

4. Nada, mas nada mesmo me convence de que a Maria no fundo no fundo sabe que se ela ficar bem quietinha no sling o passeio demora mais...rs... 

5. Esse povo que faz voz de criança para bebe, acha que eles estão gostando ou pq vão ser compreendidos pelo bebe ... tadinha da minha irmã...

                                                                    arquivo pessoal

domingo, 29 de janeiro de 2012

Coisices de mãe...

Dia desses, na rua, brinquei com um bebê que vestia azul, mas é menina ! Com a Du no colo, quase do mesmo tamanho, eu disse olha só uma amiga, como você. Confesso que me referia ao tamanho. A mãe interlocutora das dúvidas que competem a toda mãe já desfiou aquilo que sabemos, mas nem sempre temos com  quem conversar.É interessante como descobrimos pessoas, que na solidão dos seus momentos, permitem-se falar ... e confesso, que bom que existe gente a ouvir !  
A mãe que comigo falava, angustiada, disse que havia coberto sua menina por estar de azul: havia sido confundida por menino diversas vezes naquela manhã. Nesse sexismo ardente que vivemos, somos definidos imediatamente pelos estereótipos calcados em escolhas alheias as nossas.   
A ausencia de brincos sempre denota o sexo masculino...rs... principalmente, quando se é um bebê de quase 60 centímetros. Procuro ver bebês como bebês: na etapa em que se encontram, descobrindo o mundo, os próprios limites do corpo e o controle do próprio olhar. Por acreditar que o feminino se instaura nas posturas, gestos, no sorriso, no encantamento que se promove no sujeito. E, isso, notadamente ocorre aos poucos: no contato com o feminino, na descoberta das medidas que o compõe, na visualização da própria essencia. Até se ver menina ou menino o sujeito percorre um longo caminho, que nada tem a ver com as pedrinhas na orelha, nem com a cor da roupa que vestem. Eu confesso que sabedora da minha história com brincos, preferi deixar que Maria escolhesse quando quiser preencher esse ritual de feminino, caso contrário, teria que aceitar como minha mãe que ela comesse os brincos. Eu comi um dos meus ! Eram vermelhos, pequenos, interessantes para alguém que estava descobrindo o mundo através das mãos ao sabor da boca. Enfim, comi ! Eu estava alheia a qualquer idéia do que ele significava, de quem era antes de ocupar minhas orelhas, tampouco que havia sido ali colocado na primeira hora do meu nascimento. Meus pais estavam fazendo aquilo, que naquele momento parecia o melhor e mais adequado. E, talvez fosse o mais tranquilo, afinal, não teriam que responder as constantes falas: É menino ou uma menina ??? Nossa, tem cara de menina ou cara de menino ! Mas está de azul e me confundi.
 Prefiro esperar que a Maria escolha em que momento os brincos terão significado de presença no mundo feminino, enquanto isso, sigo mostrando para ela o mundo, as coisas e as pessoas, com carinho e afeto. Acredito que nesse momento isso é o mais importante !

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Desculpe... não sou a mulher maravilha...

Para quem procurou e não achou a mulher maravilha, desculpe !
Em nenhum momento, sinalizar nossas lacunas é defeito... aceitar que somos faltantes, que frágeis nos entregamos ao colo. Que mulheres, somos carentes e precisamos do afago. Que gente, rumamos sempre na busca do inteiro, que demora, que esfola, que esgota... tentamos... e diante das tentativas por vezes desistimos.Desistimos, para em algum momento com mais força , recomeçar ...
Não somos perfeitos, nem fortes, nem inteiros. o tempo todo ! Não devemos buscar nessa ansia apressada esse rigor, que mata, massacra e dita as regras.
Não, não somos e, por vezes, insisti em dizer isso...não somos a mulher maravilha e, por que insistem em encontrá-la em mim ??? Como foi que construi essa idéia de que invencivel no meu avião invisivel iria dar conta de tudo ?!? Criei a demanda e eu que me vire, mas confesso... sou gente !
Ontem com pressa na padaria só queria chegar em casa antes da Maria chorar...limites que hoje fazem tanto sentido, que realmente tem significado ! desculpe se te decepcionei ... não sou a mulher maravilha !   

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Algumas questões, nesse mundo de parâmetros...

Desde que a Maria nasceu, nós duas temos sido tão questionadas em relação a números, que já pensei em uma plaquinha, quem sabe num luminoso. Interressante perceber que tudo gira na relação do padrão de normalidade. A tal curva que quem sabe vamos perseguir por um longo período. Fico, na minha idéia de mãe, pensando em quantas outras curvas a Maria terá que se colocar para vencer os desafios que a vida vai propor.
O peso ? Já foi fruto de intensas investigações... o meu e o dela... arbitrariamente não me pesei ainda e passo por fresca quando digo simplesmente que ainda falta muito para chegar no corpo antes da presença mágica da Maria em mim. O que não sabem é que saudosa da barriga, acreditava tudo tão lindo e mágico que os 12 quilos ganhos pareciam não ter a menor importância (e em mim realmente não tiveram). Quando todos eles partirem, finalizarei a barriga e, a mulher que reside em mim irá apenas lembrar desse momento mágico.  O dela ??? Já me instruiram altas receitas para turbinar o meu leite. Várias vezes me peguei ansiosa para que ela acorde para mamar. Engraçado, vou me lembrar disso, quando ela, nessas coisas de menina, perseguir a balança, ou então, ficar horas diante do espelho mirando o corpo que deseja ter.
O tamanho ? Como esta criança estava dentro de mim ??? (?) realmente ela estava...mas confirmando aqueles que estavam presentes, veio dobradinha, com as pernas na frente... ansiosa para respirar o mundo. Há quem diga que ela será alta. Há aqueles que dizem que ela terá um estirão. Famosa por seus centimetros, muitos apontaram que meninas são menores. Isso quer dizer o que hein ??? Lamento ! A vejo ainda tão pequena, tão menina, tão precisada de afago.
Minha idade ? Putz ! Não foi interessante explicar, mas retomo, mulheres acima dos 35 anos também tem relações sexuais férteis...
Há quem pergunte o Apgar  e se assombre diante da tranquilidade de quem crê... em uma criança que merece ser feliz, independente do peso, do tamanho, do apgar e de todos esses números e curvas que dizem pouco dela. Os números não contam que ela tem olhos oblíquos, que mantem-se atenta ao ouvir música, que se movimenta na direção do afeto e pede colo como ninguém.
Os números não apontam que ela tem se entregue a vida e a cada novo dia descoberto que nasceu e já ocupa seu espaço.