sexta-feira, 11 de maio de 2012

Gente igual, mas diferente...

Fui dessas meninas que entregue as prórpias vontades descobria as respostas dos desafios, acreditava que brincar ia além daquilo que estava escrito na caixa dos jogos. Fui dessas meninas que olhava os adultos de perto para poder enxergar aquilo que estava escrito em seus olhos.
Ler o mundo colorido nunca foi difícil, mesmo quando decifrar sentimentos novos gerava medo e incerteza. Fui dessas meninas que nas histórias com final feliz procurava questionar. Acredito que me ensinaram os pontos de interrogação antes de me mostrar os pontos finais.
Hoje, quando o João dramaticamente disse dentro do carro: Você tem que me ajudar a entender por que quando me falam que todo mundo é igual me vem uma dúvida tão grande...Eu, na tentativa de compreender o que ele queria dizer... pedi que me falasse mais do que estava sentindo.
Na altura dos seus nove anos foi me explicar que podemos ser iguais, mas ninguém sente igual ao outro as coisas que acontecem. Sentir é sentir... todo mundo tem olho, boca, descobre o mundo, mãe, mas sentir é sentir- quase gritando !  
Eu disse que somos iguais, mas diferentes. Iguais naquilo que nos constitue, mas diferentes naquilo que podemos escolher enquanto sujeitos das nossas ações. Sentir é mesmo muito intenso,único, especial e não dá para sentir igual a ninguém. Não devemos nos acreditar superiores a ponto de julgar a dor, nem a intensidade dela, a raiva ou o medo de alguém como detentores de um limiar único.
Ter sido essa menina me permite autorizar o João a acreditar que cada um é um e que podemos sentir do nosso jeito cada coisa do mundo. Escolher o que vamos ser e como vamos agir é a tonica para nossa inserção no mundo.
Fico preocupada com essa nossa tendencia de acreditar que ao dizer que somos todos iguais estamos facilitando a compreensão em relação ao outro. Diferenciar não significar distanciar ou discriminar, mas apontar que nas diferenças nos formamos e individualizamos. Pode ser angustiante para a criança ficar procurando no outro características e habilidades que não fazem eco em sua identidade. Estar atento a isso permite que possamos ter clareza do desenho que nos compõe e não simplesmente o modelo que nos norteou.

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