segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Coisas do Cotidiano...A invasão !

Fico pensando nessas coisas de gente. Minha mãe sempre dizia que de pensar caspa virava Mandiopan. Mas não me canso de tentar entender fatos que apesar de parecerem simples compõem o contexto e sinalizam emoções, sentimentos, valores e muitas vezes atitudes.
Hoje conheci um homem, ou melhor , ele me conheceu primeiro. Fato é que na altura do terceiro xixi da manhã olhei ao longe, vi a janela e um pincel, por trás deles, um rosto. Diferencial é que ele estava ali desde o principio. Viu... meu corpo. Num momento que divido com poucos, raros. Fazer xixi diante de alguém é tão íntimo, prova de amizade quando chamamos alguém para nos acompanhar ao banheiro para continuar o assunto. Prova de confiança quando não precisamos abrir a torneira para iniciar o processo. Tímidos, muitas vezes, se reservam o direito de fazer apenas um pouquinho para evitar que alguém ouça. Enfim, esse homem, que nem sei o nome, me viu.
Eu deveria tê-lo comunicado que uso meu banheiro sempre pela manhã ??? Deveria tê-lo avisado que entre um paciente e outro me furto a beber água e a vertê-la ??? Por escrito ou simplesmente um acordo verbal ???
Após me recompor (pensei tudo isso terminando de baixar o vestido) me permiti ir até lá admirar esse homem que me conhecia, sem que eu pudesse saber quem era ele. Chocada o encontrei na escada amparado na janela, na altura dos seus aparentes 40 anos, mergulhado na tinta, em suas crenças , sem entender aquela que debaixo da escada perguntava preocupada como faria o próximo xixi se ele fosse se demorar mais do que 45 minutos com o pincel.
Tudo isso me fez pensar em que momento de nossas vidas descobrimos a idéia de coletivo. Quando é que percebemos os limites e aprendemos a respeitar os espaços ocupados pelo outro. Essencialmente muitos tem se distraido com o que chamamos de avanço e perdido a possibilidade de estabelecer relações entre o eu e o outro. Saudáveis, sadias, únicas. Sem ser piegas pedir licença, dar setas, sinalizar nossa presença , identificar as reações do outro e estabelecer limites tem se tornado excesso. Será que educação caiu de moda como muitos acentos na Língua Portuguesa ??      

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