Nas relações tenho visto que alguns venenos são servidos em taças de cristal outros em copos de requeijão, mas são venenos, intensos, áridos e devastadores.
Doem no peito e corroem o gozo de estar em grupo, de viver a coletividade e de estabelecer o íntimo. Muita gente mantem o superficial afim de não ingeri-los, matam a oportunidade de se entregarem.
Nessas minhas andanças no mundo de dentro vejo que a inconstância e a instabilidade promovem a baixa auto estima e infinitamente um desdem em relação a si mesmo. É difícil se posicionar diante dos próprios sentimentos, esclarecer o que sente e como sente. Deixar claras as imperfeições, mas se entregar. Nessa ausencia de inteiro, cria-se a impossibilidade , o desajuste, o morno - instável. Veneno, na certa , que implica na relação só te dou se você me mostrar. Na barganha , não se ama; na troca, não se entrega.
Além disso, a dificuldade de romper com os códigos que criamos em relação ao outro. Por que será que diante do não dito temos a mania de tentar adivinhar ? O que significa aquele olhar, o atraso, ou a distancia daquele abraço. Traduzir o sentimento do outro não necessariamente é ter uma resposta certeira. Tomar-se como parametro é apenas uma das possibilidades de encarar esta ou aquela situação. Vale dizer que nem sempre nossos códigos fazem parte dos significantes impressos no dicionario de afetos do outro. Venneno que corroe e estimula o não dizer, o silencio dos gestos mecanicos, a falta de espontaneidade. O medo.
Não beber veneno, pode inicialmente significar o risco de saltar e não ter certeza de que o paraquedas vai abrir. Não tomar veneno é lidar com o desconhecido.É tatear as múltiplas possibilidades de se entregar. Fica a dúvida :
É viver, mais inteiro ???
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