segunda-feira, 27 de junho de 2011

Começar a semana com Clarice...

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. (Clarice Lispector)


Ainda fico perturbada quando ouço alguém dizer sou cheia de defeitos. Fico pensando que como celular estragado , conseguimos acreditar que algo não funciona direito. Partimos do principio de mau funcionamento e estagnação, quando o ideal é que fossemos capazes de identificar nossas limitações e dificuldades, assim como, buscar caminhos para nos apropriar delas. Chamo de apropriação o direito de tomar como meu, investir, para se necessário for , criar, re-criar, refazer... para existir a partir disto.
Nesse sentido, sempre enfatizo que muitas das nossas dificuldades fazem parte da estrutura maior e só surgiram em resposta a algo vivido, impresso, ouvido e calcado em nossa estrutura. Por vezes de tanto ouvir que temos duas mãos esquerdas, qualquer garrafa de refrigerante parece pular de nossas mãos em direção ao chão. De tanto ouvir, que não somos capazes, vemos qualquer desafio tornar-se no Everest.
Muitas das dificuldades são o alento das nossas armaduras e como aprendemos a viver com elas temos medo, receio, de superá-las. O caminho do auto conhecimento não consiste em cortá-las, suprimí-las, mas transcendê-las. Preencher de idéias e estratégias para tornar viável o nosso olhar para dentro e, consequentemente,  uma viagem de crescimento.


domingo, 26 de junho de 2011

Nós e o céu...



Basta anoitecer que nós sempre estamos de olho no céu... João agora usa a máquina para registrar a Lua em seus momentos de luz, segundo ele. Ele acredita que ela apaga e acende com a chegada do escuro. Tem suas certezas de que quando ela acende é o Universo que dá um jeito de clarear as idéias de quem tem medo do escuro. Quando era menor nós diziamos que ela era a lanterna das crianças e dos adultos para que pudessem se direcionar na noite.  
Deitados no chão sempre conversamos sobre as perguntas que fazemos ao céu e sobre as respostas que internamente descobrimos. 

Sempre perguntamos ao céu nossos anseios e angustias...fazemos nossas pausas e resgatamos a intensidade. Noite dessas João veio com a pergunta se já não estava na hora de conversarmos com Deus para que ele enviasse um irmão. Afinal, depois de tanto tempo havíamos parado de perguntar. Expliquei as perdas, as dores e que o silêncio foi fruto da necessidade de cicatrizar. Ele mais que depressa, agitado e falante  afirmou com a convicção que lhe é peculiar: se não conversarem com Deus ele não vai ter a certeza se querem ...    

Para matar a saudade...

De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.
Fernando Sabino

Quanta saudade de estar aqui, mas precisei do silencio, daqueles que criamos com o finalidade de buscar...fui entrando e tirando as arestas. Fui cavando e descobri tesouros. Fui de remo, sem motor, sem barulho, percorrendo os sentimentos a mercê do agito interno. Me vi. 
Confesso que as descobertas me tornaram mais próxima daquilo que creio. Alguns sentimentos ainda me curvam nebulosa diante das demandas... mas eu os traço !
E, nessa busca, encontrei na lua o refugio... fiz do céu meu parceiro e com a mesma intensidade que fui, voltei...inteira, leve ...
Estou aqui...que bom...